"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

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terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Um cheirinho a Jonas

Há perto de dois anos, logo a seguir à estreia de Jonas, escrevi aqui que o brasileiro ia ser mais importante por aquilo que ia oferecer ao futebol atacante do Benfica do que pelos golos que iria marcar. 86 jogos e 68 golos depois, devia reconhecer que me enganei redondamente. Talvez não seja o caso.

Por estranho que possa parecer para um jogador que marca em média 30 golos por temporada, Jonas é essencial pela sua participação no futebol ofensivo do Benfica e não pela veia goleadora. Tenho, aliás, a convicção que Rui Vitória tem tido no Benfica dois aliados estratégicos: Jorge Jesus, que, por antinomia, o ajudou a consolidar a liderança no balneário; e Jonas, que, em campo, superou os problemas táticos da equipa.

Uma vez mais, será esse o papel de Jonas. Repare-se: na Amoreira, o Benfica sofreu contra uma equipa fraca e após uma substituição obtusa – a troca de Cervi por Mitroglou –, ofereceu 10 minutos ao Estoril, que podiam bem ter custado pontos. Pois, tudo mudou com a entrada de Jonas. Como que para provar que, num jogo coletivo, um só jogador pode fazer toda a diferença, Jonas esbanjou inteligência e qualidade futebolística, matando o jogo.

Num Benfica que vive em aceleração permanente e que tem dificuldade para controlar um jogo com posse de bola, Jonas fará toda a diferença. Com ele em campo, o Benfica voltará, com critério, a saber pausar o jogo e, quando em vantagem, deixará de sofrer. Claro está que o brasileiro se encarregará, também, de marcar os golos que os outros falham ou nem sequer vislumbram.

publicado no Record de 20 de dezembro