"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

O capitão Luisão


No rescaldo da partida contra o Feirense, Rui Vitória comentava a titularidade de Luisão afirmando que “o pior que podia fazer era colocar, ou não colocar, um jogador a jogar em função da idade ou do estatuto”. Claro está que, no essencial, o que deve motivar as escolhas de um treinador é a performance desportiva. Mas será só isso?
Recuemos ao último minuto do jogo de domingo. Livre à entrada da área (já agora, recuemos uns minutos mais e atentemos na condução de bola de Zivkovic!), Grimaldo prepara-se para bater. Ajeita a bola e quase que já se antecipa o golo. Entretanto, na barreira, vai prosseguindo o jogo do empurra. Até ao momento que Luisão avança e se intromete na luta: de braços abertos, faz a barreira mover-se e, sozinho, consegue gerar a perturbação que três colegas não haviam conseguido. Segundos depois, Grimaldo, como numa profecia que se autorrealiza, colocava a bola no fundo da baliza.

Performance desportiva? Não, estatuto. Liderança pura e capacidade de se sobrepor à iniciativa e à vontade dos colegas. O Luisão de hoje já não é o jogador de há uns anos e poucos terão dúvidas que a melhor dupla de centrais do Benfica é Jardel/Lindelof. Mas, garanto-vos, numa equipa cheia de talento e também juventude, o envolvimento e o compromisso do capitão continuarão a fazer toda a diferença, oferecendo maturidade para compensar a inexperiência. É mesmo caso para falar de alguém que tem de ir jogando por força da idade e do estatuto. Até para poder liderar pelo exemplo no balneário e, por vezes, em campo.   

publicado no Record de 4 de outubro