"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

padaoesilva@gmail.com

quarta-feira, 2 de março de 2016

e os adeptos?

Por motivos meteorológicos, esta crónica não é sobre o Benfica-União. A razão é simples: à hora para a qual o jogo foi remarcado, o autor destas linhas estava a dar aulas. Mas não podendo escrever sobre o Benfica, ganhei um bom pretexto para me dedicar ao calendário da Liga e à incapacidade de se proceder à marcação dos jogos com um mínimo de antecedência.

Nesta altura, sabemos a que horas são os jogos da próxima jornada, mas nada é conhecido sobre a seguinte (disputada a 13 de março). É mais um daqueles absurdos em que o futebol português é vezeiro e um desrespeito pelos (poucos) adeptos que escolhem ir ao estádio, em lugar de verem futebol televisionado.

Pense-se num adepto dos três grandes, que gostava mesmo de poder assistir a todos os jogos do seu clube. Se tem esse objetivo, resta-lhe trancar todos os fins de semana e rezar para que ninguém se lembre de marcar aquele almoço de família a que não pode mesmo faltar. É que nunca se sabe se o jogo vai ser à sexta, sábado, domingo ou até segunda-feira. Muito menos a hora certa. É uma lotaria.

Não há nada de específico no futebol português que impeça alguma planificação, que permita aos adeptos organizarem-se para irem aos estádios. Compare-se com o bem mais complexo calendário da NBA (mais equipas, distâncias maiores, mais intempéries e mais canais a transmitirem partidas). Neste caso, é possível saber dia e hora exata de todas as partidas até ao fim da fase regular.

Talvez fizesse sentido criar um provedor do adepto para defender quem gosta de futebol. Esperem, o cargo já existe e, como seria de esperar, ninguém dá pela sua existência.

publicado no Record de terça-feira