"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

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quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

O nosso Ferrari


Jorge Jesus é, como os benfiquistas bem sabem, um grande treinador; mas como sabemos também, a sua qualidade coexiste com uma mistura explosiva de fanfarronice e excesso de confiança. Talvez não seja preciso reavivar muitas memórias para recordarmos como por vezes acabam as trips egocêntricas de Jesus.
Para já, tendo em conta que estamos em janeiro, o futuro desta temporada ainda é incerto. Mas as últimas digressões de Jesus em conferências de imprensa já tiveram resultados práticos.
Desde logo, a confirmação de que o Benfica é um Ferrari. Até aqui, nada de novo. Nós, benfiquistas, estamos cansados de saber que o paralelismo com os automóveis de Maranello faz todo o sentido. Com a Ferrari partilhamos a cor vermelha e uma grandiosidade que leva a que a marca valha bem mais do que quem transitoriamente para ela trabalha. Acima de tudo, tal como os automóveis italianos, provocamos inveja. Da mesma forma que as pessoas param para ver um Ferrari passar; em Portugal, o Benfica é a medida de todos os outros clubes (cujos adeptos vivem dependentes do que acontece ao Glorioso).
As declarações de Jorge Jesus tiveram, ainda, o condão de provocar outros efeitos: uniram os benfiquistas em torno de Rui Vitória, enquanto conseguia desvalorizar o trabalho dos jogadores que treinou no passado. A mensagem foi clara – se foi por causa de Jesus que o Benfica ganhou, então, Gaitán, Luisão, Jonas e todos os outros contaram pouco nas últimas conquistas. Sendo assim, talvez os jogadores se encarreguem de provar ao treinador do Sporting o quão equivocado está.

publicado no Record de terça-feira