"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

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quinta-feira, 21 de maio de 2015

Desorientados


Recuemos ao início da temporada. O Benfica era uma equipa em desagregação: o plantel que havia vencido o triplete com nota artística parecia ferido de morte e as alternativas tardavam a aparecer. Já não havia Oblak, Rodrigo, Garay e Siqueira e ainda não havia nem Júlio César, nem Samaris, para não falar de Jonas. Enquanto se anunciava a saída iminente de Enzo Pérez, os jogos de preparação, disputados por uma mão-cheia de novas contratações entre o sofrível e o medíocre, tornavam o bicampeonato uma miragem distante.
No Dragão, a história era outra. Depois de uma temporada para esquecer, apostava-se forte e não vencer era uma impossibilidade. Um treinador novo, com um voto de confiança inusitado por aquelas bandas (3 anos de vínculo), contratações em catadupa, empréstimos a peso de ouro e qualidade em todos os sectores – a contrastar com o leque de jogadores que Paulo Fonseca tinha tido ao dispor.
O Benfica iniciou a temporada derrotado e o Porto tinha tudo para vencer o campeonato. Mas não foi assim.
Jesus compensou fraquezas com a força da organização colectiva e fez do “Manel” um jogador ao serviço de uma ideia de jogo consolidada. Depois, claro está, Júlio César ofereceu a segurança defensiva que a equipa não havia tido nos últimos anos e Jonas foi um autêntico joker – importante pelos golos que marcou, fundamental pela forma como participou no jogo atacante.
O Porto, pelo contrário, viu a temporada pautada pela desorientação. A abrir, Lopetegui entregou-se ao experimentalismo, mudando a equipa jogo sim, jogo sim, até à 16ª jornada. As coisas começam a correr mal e não surge o campo inclinado a que os portistas se habituaram. Resultado, a “estrutura” não compreende as razões do falhanço e coloca o treinador a dar o corpo às balas.
Tudo somado, a grande novidade desta temporada foi a desorientação revelada pelo Porto.

publicado no Record de terça-feira