"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

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segunda-feira, 9 de maio de 2011

A monomania da renovação

Os partidos vivem obcecados com a renovação, de preferência se esta assentar numa contabilidade em torno da extensão do rejuvenescimento dos órgãos partidários. A ideia de que os partidos se renovam substituindo uns maduros por uns jovens, mais ou menos turcos, é naturalmente bem acompanhada pelos jornalistas, que tendem a avaliar o que se passa em cada congresso contando quantas pessoas saíram dos órgãos centrais (normalmente, as saídas são classificadas de 'purgas') e quantas entraram. O disparate é sempre garantido e vai-se perpetuando o mito de que os partidos se renovam através do rejuvenescimento (o resultado tende a ser precisamente o contrário, como se prova pelo caso extremo do PCP).
A propósito, leia-se este pedaço de uma notícia do Público de hoje:"Dos 65 membros eleitos, 20 estreiam-se neste órgão.
Sem grandes novidades e com pouca renovação, o actual quadro dirigente saiu reforçado da reunião magna dos bloquistas."
Estamos perante o último período de um parágrafo e o primeiro do parágrafo imediatamente a seguir. Não sei exactamente o que é que significa para o Público renovação, mas, pelos critérios que os jornais costumam aplicar a estas coisas, não me parece que a estreia de 20 dirigentes em 65 possa significar ausência de novidades e pouca renovação.